O chef José Andrés: «Preocupa-me muito que um dia acordemos e haja um Armagedão alimentar»

Se tivéssemos que mencionar um único chef nascido em Espanha cujo talento ultrapassou fronteiras a nível mundial, escolheríamos José Andrés. O cozinheiro nascido nas Astúrias e radicado nos Estados Unidos é uma eminência na gastronomia, tanto nacional como internacional. Além de ter vários restaurantes na América, é o fundador da ONG «World Central Chicken». O principal objetivo desta organização é fornecer alimentos a locais do planeta atingidos por crises como a DANA de Valência.

Além disso, em 2025, recebeu a Medalha da Liberdade das mãos do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Ele também está ciente de alguns dos problemas atuais que influenciam o mundo da gastronomia.

Ele comentou esses problemas numa entrevista para um podcast americano, na qual falou, entre outras coisas, sobre as alterações climáticas, a crise da água e certos problemas que devem estar na agenda dos políticos.

Sobre o papel dos políticos na alimentação

O chef José Andres foi convidado do podcast Where everybody knows, de Ted Danson e Woody Harrelson. Entre outras coisas, eles comentaram temas como as alterações climáticas e a gestão dos alimentos, um tema que o preocupa bastante. «Imagine que um dia acordamos e não há comida suficiente no planeta Terra para alimentar toda a gente. Isso pode acontecer», explica o protagonista de «José Andrés e família em Espanha», disponível na HBO Max.

Sobre este aspecto, José Andrés considera que os políticos deveriam dar mais prioridade. Ele explica da seguinte forma: «A tempestade perfeita pode estar a acontecer e os nossos líderes não estão a perceber porque não estão a dar importância suficiente à comida».

Na verdade, ele teme muito uma coisa: «Preocupa-me muito que um dia acordemos e haja um Armagedão, um Armagedão alimentar, porque não teremos o suficiente». Para isso, ele pede que haja mais “conselheiros nacionais sobre segurança alimentar ao lado do presidente dos Estados Unidos”.

Dessa forma, ele valoriza a importância de tratar o tema da alimentação em profundidade. “É importante, mas é preciso aprofundar mais. Se não levarmos a comida a sério, teremos um grande problema”, afirma.

Sobre a crise da água

O chef, que tem um restaurante em Nova Iorque, também fala na entrevista sobre a crise da água e que «vamos ter de usar a incrível criatividade humana para aprofundar». De facto, explica que «o oceano está a falar connosco, mas não estamos a ouvir, e teremos de ser criativos se quisermos alimentar nove mil milhões, talvez dez mil milhões de pessoas num futuro qualquer».

Durante a conversa, o chef José Andrés resume com um exemplo o problema da pesca: «Quando um pescador pobre de qualquer área onde haja mangais, devido à falta de ferramentas adequadas e conhecimentos, coloca redes nesses mangais».

Isto faz com que sejam capturados peixes que ainda não estão em fase de desenvolvimento. «Não há ninguém ao lado destes pescadores a ensiná-los e a dizer-lhes: “Ouçam, não os pesquem, até vos pagamos algo se não os pescarem, para que possam comer outra coisa. Mas esperem e verão que estes peixes pequenos no oceano vão tornar-se enormes”», acrescenta o chef espanhol.

Mila Alieva/ author of the article

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